Uma deliciosa roda de amigos e amigas.
Brincadeiras, risadas, a famosa tiração de sarro.
Mais amigos chegando e dentre eles...Você.
Um brilho especial, um encanto natural.
Teu sorriso surgia graciosamente.
Cumprimentos, alôs, acenos e abraços.
Até seu olhar fixar-se ao meu.
Um arrepio e o rubor em minha face se fez presente.
Não consegui disfarçar e nem me esforcei pra isto.
Todos perceberam e caíram matando em cima de mim.
Xiiii...Rolou...Olha o clima...Para de babar.
A gargalhada foi geral, realmente hilariante.
Uma vergonha deliciosa, misturada a alegria.
Então nos apresentaram e eu peguei em sua mão.
Mãos pequenas, delicadas, unhas bem cuidadas.
Paulo pergunta se pode ir buscar as alianças e o padre.
Novas risadas...Todos estavam incrivelmente bem humorados.
Ficamos mais um tempo nas conversas soltas, risadas e;
Tomei coragem e perguntei-lhe se tinha namorado.
Ela brincando disse ter vindo buscar seu príncipe encantado.
Ainda sorrindo, perguntou-me se eu tinha um cavalo branco.
Que vontade de sair correndo a comprar um.
Respondi se não poderia ser um Gol ou uma Falcon.
Quem sabe...Quem sabe...Um Príncipe bem moderninho né?
Depois dos comes e bebes e muita diversão, veio à despedida.
Falou que queria ir embora, se eu não a levaria para casa.
Despedimos de todos e fomos caminhando, pois ela morava perto.
A sensação de frescor de uma tarde iluminada me elevava.
A casa era muito perto, perto demais para o meu gosto.
Ela notou minha insatisfação e abriu um lindo sorriso.
Amanhã é domingo e eu não tenho nada a fazer.
Nem a deixei terminar e a convidei para almoçar.
Nesta hora senti meu rosto queimando, mas não desisti.
Minha angustia era tremenda pela resposta.
Ela me olhava e saboreava com a situação.
Ela firme e decidida, eu, tímido e vergonhoso.
Será um prazer estar contigo novamente, eu aceito sim.
O almoço foi divino, a companhia fez a diferença.
O domingo havia sido o mais espetacular em muitos anos.
Agora, os encontros são freqüentes, além dos telefonemas.
Almas gêmeas, atração incrível e fervorosa cumplicidade.
O amor nos possuiu com força total, avassaladora.
Voltei a sorrir, simplesmente estar de bem com a vida.
Eu, aos 40 anos, me sentindo tremendamente jovem.
Chegou à hora da concretização, de tão almejado sonho.
Três anos de namoro, intenso em todos os requisitos.
Minha vontade é tê-la em meus braços a todo minuto.
Tocar aquele corpo, beijar aqueles lábios, penetrar naquele olhar.
Compramos as alianças e já fizemos milhões de planos.
Hoje, dia de almoço em família, para firmarmos o noivado.
A campainha toca e a casa enche com todos de nossas famílias.
Amigos também começaram a chegar e a alegria a reinar.
Levei todo mundo a um restaurante gostoso e...
Chegou o momento tão esperado por todos, as alianças.
Me levanto e sou o alvo das atenções...O tremor é inevitável.
Meu coração dispara num misto de medo e incomensurável satisfação.
Começo o monólogo falando sobre esta doce mulher.
Cito, o grau de cumplicidade e harmonia que existe entre nós.
Então me preparo para a hora crucial e deixo as palavras saírem.
Minha doce menina, meu encanto de mulher.
Normalmente deixo que tome as decisões por ser inteligente demais.
Compartilhamos tudo, tudo de comum acordo, a não ser hoje.
Tenho certeza que você é quem eu desejo com todo meu coração.
Você me preenche com razão, discernimento, harmonia e paixão.
Mas sou obrigado no dia de hoje, de uma coisa discordar.
Você é meu ar, minha alegria e meu verdadeiro amar.
Por isto eu não quero contigo somente noivar.
Não posso pensar um minuto, longe de ti ficar.
Você é muito mais do que eu poderia sonhar.
Por estas e mais mil outras razões, não tenho mais que esperar.
Arde em meu coração, o desejo de contigo...Casar.
De repente o pânico tomou conta do meu ser.
Vejo no rosto dela, a expressão de assombro e me apavoro.
O chão parece ter sumido, o mundo parecia ter desabado.
Meu corpo treme, minhas mãos suam, meu coração dispara.
Ela então se levanta e me olha invadindo minha alma.
De repente corre e se atira em meus braços em prantos.
Grita repetidamente...Eu quero...Eu quero...Eu quero.
Abraço com força, começo a beijá-la e as lagrimas a escorrer.
Olhamo-nos sem nada falar, choros convulsivos a rolar.
As lágrimas mais doces...Que alguém pode derramar...CMRS.